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sábado, 16 de janeiro de 2021

O (des)confinamento de Fernando Pessoa?

 "Triste de quem vive em casa,

Contente com o seu lar,

Sem que um sonho, no erguer da asa,

Faça até mais rubra a asa

Da lareira a abandonar!..." (+)

                                Fernando Pessoa in "O quinto império", Mensagem


quinta-feira, 4 de abril de 2019

Poema ao Papa Francisco

«Francisco

No Twitter são vinte milhões
De atentos seguidores… (1)
São ainda mais os corações
De grandes amores
Pelo Papa Francisco,
Fenómeno nunca visto!

Homem genuíno
Que nos conduz a Deus!
A sua vida é um hino,
E nós, filhos seus,
Acolhemos este dom:
Todos vemos que é muito bom!

Num mundo demasiado triste
Ei-lo profeta da alegria;
A um mundo de espada em riste,
Fala de misericórdia e harmonia
Em palavra simples mas nobre.
Depois, sonha com uma Igreja pobre!

É a Alegria do Evangelho, (2)
Logo seguida da Alegria do Amor! (3) Desperta-nos para tudo o que é belo,
Mesmo no meio de tanta dor!
Em tudo nos chama ao essencial…
Grande coração paternal e maternal!

Tão grande e tão generoso
Que abraça o mundo inteiro.
Tão simples, mas quão grandioso,
Humilde, por isso mesmo o primeiro!
Deus o conserve por muitos anos
E com ele tornemo-nos mais humanos!

Teófilo
Ermesinde, 10 de abril de 2016

1) Recolho esta notícia no segundo livro de Homilias do papa Francisco que acaba de sair na edição portuguesa. Papa Francisco, A felicidade treina-se em cada dia – Novas homilias em Santa Marta, organização de Antonio Spadaro, Paulinas, Prior-Velho, 2016, pag. 11. Diz assim Antonio Spadaro, na página 11 desse livro: “A resposta do ‘mercado’ tradicional à linguagem inédita do Papa é muito forte. E é-o igualmente a do ‘mercado digital’: basta pensar no grande êxito da sua presença no Twitter, onde os seus seguidores já são mais de vinte milhões”. Ester livro está a ser o meu alimento espiritual tanto na Meditação como na Leitura espiritual. Do mesmo modo já o tinha sido o seu primeiro livro de Homilias com o título A verdade é um encontro. Não costumo dar conselhos: mas estes são livros que nos enriquecem, e de que maneira!
2) A Alegria do Evangelho, a primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco, dada ao público, no Vaticano, em 24 de Novembro de 2013.
3) A Alegria do amor, a segunda Exortação Apostólica do Papa Francisco, acabadinha de ser apresentada ao público na sexta feira de manhã, dia 8 de abril, mas dada ao público, no Vaticano, no dia 19 de Março de 2016, conforme anotado no final da Exortação.»

Fátima - 13 de maio de 2017
Por, António Tadeu Costa

domingo, 17 de abril de 2016

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Alberto Caeiro percursor da encíclica Laudato Si?...

Por, Alberto Caeiro (Heterónimo de Fernando Pessoa), in "O Guardador de Rebanhos - Poema V"

"Mas se Deus é as flores e as árvores 
E os montes e sol e o luar, 
Então acredito nele, 
Então acredito nele a toda a hora, 
E a minha vida é toda uma oração e uma missa, 
E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos."

Poema: "Há metafísica bastante em não pensar em nada"

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Um Natal a caminho da Quaresma

A edição especial de Natal/2015 da Cáritas honrou-nos com a belíssima poesia de David Mourão Ferreira. Fica aqui um dos seus poemas de um Natal a caminho da Quaresma:


Litania para o Natal de 1967 

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos pedir contas do nosso tempo

David Mourão-Ferreira, Lira de bolso 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Dia de Natal - António Gedeão

Alguns minutos de pura realidade soberbamente declamado.

Dia de Natal 

Hoje é dia de ser bom. 
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças, 
de falar e de ouvir com mavioso tom, 
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças. 

É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem, 
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria, 
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem, 
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria. 

Comove tanta fraternidade universal. 
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos, 
como se de anjos fosse, 
numa toada doce, 
de violas e banjos, 
entoa gravemente um hino ao Criador. 
E mal se extinguem os clamores plangentes, a voz do locutor 
anuncia o melhor dos detergentes. 

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu e as vozes crescem num fervor patético. 
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu? 
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético. 
Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas. 
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante. 
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas 
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante. 
Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates, 
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica, 
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica. 

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito, 
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores. 
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito, 
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores. 
A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento. 
Adivinha~se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar. 
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento 
e compra - louvado seja o Senhor! - o que nunca tinha pensado comprar. 

Mas a maior felicidade é a da gente pequena. 
Naquela véspera santa 
a sua comoção é tanta, tanta, tanta, 
que nem dorme serena. 

Cada menino 
abre um olhinho 
na noite incerta 
para ver se a aurora 
já está desperta. 
De manhãzinha 
salta da cama, 
corre à cozinha 
mesmo em pijama. 

Ah!!!!!!!!!! 

Na branda macieza 
da matutina luz 
aguarda~o a surpresa 
do Menino Jesus. 

Jesus, 
doce Jesus, 
o mesmo que nasceu na manjedoura, 
veio pôr no sapatinho 
do Pedrinho 
uma metralhadora. 

Que alegria 
reinou naquela casa em todo o santo dia! 
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas, 
fuzilava tudo com devastadoras rajadas 
e obrigava as criadas 
a caírem no chão como se fossem mortas: 
tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá. 

Já está! 
E fazia-as erguer para de novo matá-las. 
E até mesmo a mamã e o sisudo papá 
fingiam 
que caíam 
crivados de balas. 

Dia de Confraternização Universal, 
dia de Amor, de Paz, de Felicidade, 
de Sonhos e Venturas. 
É dia de Natal. 
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade. 
Glória a Deus nas Alturas

terça-feira, 19 de agosto de 2014

PARA RELER - GABRIEL GARCIA MARQUEZ

“Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.
Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate.
Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!…
Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes - te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendi com vocês, os homens…
Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo do pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo”

GABRIEL GARCIA MARQUEZ
Foto: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gabriel_Garc%C3%ADa_M%C3%A1rquez

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Ruy Belo, "Poema de Deus"

Numa manhã tão normal como outras e sintonizando a rádio na Antena 2 ouvi este poema... No final questionei-me: este homem (poeta) tem uma mensagem muito importante para nos dar... Ouvi o poema sobre os pássaros e voei para a escritura onde Jesus nos diz "olhai para as aves do céu"... Este poema é muito bonito e é obrigatório conhecermos a obra deste homem. Feliz descoberta a reclamar novas leituras. 
Que me desculpem os mais entendidos mas ao ouvir este cruzamento de pássaros e árvores disse: é um "Poema de Deus".

Os pássaros nascem na ponta das árvores
As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração
   



sexta-feira, 29 de março de 2013

De Jesus para a sua Mãe - Miguel Torga

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Michelangelo%27s_Pieta_5450_cut_out_black.jpg
Vejo-te ainda, Mãe, de olhar parado,
Da pedra e da tristeza, no teu canto,
Comigo ao colo, morto e nu, gelado,
Embrulhado nas dobras do teu manto.

Sobre o golpe sem fundo do meu lado
Ia caindo o rio do teu pranto;
E o meu corpo pasmava, amortalhado,
De um rio amargo que adoçava tanto.

Depois, a noite de uma outra vida
Veio descendo lenta, apetecida
Pela terra-polar de que me fiz;

Mas o teu pranto, pela noite além,
Seiva do mundo, ia caindo, Mãe,
Na sepultura fria da raiz.