“A notícia da execução pública de 80 pessoas na Coreia do
Norte neste mês foi dada por uma única fonte, anónima, a vários jornais da
Coreia do Sul, mas rapidamente se espalhou na imprensa internacional.
Segundo jornais de Seoul, como o JoongAng Ilbo, um dos
maiores e mais influentes do país, as 80 pessoas, algumas consideradas culpadas
de actos delituosos para o regime de Pyongyang, como ver vídeos de
entretenimento sul-coreanos ou estar em posse de uma Bíblia, foram executadas
em público em sete cidades, perante o olhar de milhares de pessoas onde se
incluíam crianças, forçadas a assistir. Numa das cidades, as autoridades
juntaram dez mil pessoas para assistir. Algumas das vítimas tinham sido acusadas
de disseminar pornografia.
A confirmarem-se, estas execuções, realizadas numa acção
coordenada no mesmo dia, terão constituído o acto mais brutal do regime desde
que Kim Jong Un chegou ao poder depois da morte do pai Kim Jong Il, em 2011.
Familiares e amigos das vítimas terão depois sido enviados
para centros de detenção, para impedir que a informação das mortes fosse
divulgada. “Relatos de execuções públicas teriam certamente um efeito muito
negativo nas pessoas”, disse ao jornal inglês Daily Telegraph Daniel Pinkston,
analista do instituto de investigação International Crisis Group em Seoul.
A notícia nos jornais sul-coreanos tem uma única fonte e
esta coincide com os rumores de mortes em sete cidades na informação dada por
uma agência de notícias de dissidentes da Coreia do Norte.
Testemunhos publicados na imprensa descrevem um caso, no
Estádio de Shinpoong, na província de Kanwon, em que oito pessoas foram
alinhadas com fardos colocados por cima da cabeça enquanto soldados disparavam
de forma ininterrupta. “Ouvi relatos de residentes que dizem ter visto os
cadáveres [dos executados] de tal maneira perfurados pelas balas que depois foi
impossível identificá-los”, disse a fonte citada também em jornais como o Los
Angeles Times ou o Daily Telegraph.
As execuções terão ocorrido em cidades onde o líder norte-coreano
estará a tentar intimidar trabalhadores que desafiam as regras do regime,
considera o LA Times. O Daily Telegraph refere a tentativa do regime em esmagar
qualquer suspeita de descontentamento popular e cita um relatório do think tank
Rand Corporation em como Kim Jong Un terá sobrevivido a uma tentativa de
assassínio em 2012, o que, desde então, motivou um reforço substancial da sua
guarda.”
Jornal o Público
12-nov-2013
Sem comentários:
Enviar um comentário