segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Bom Samaritano - segundo Jorge Bergoglio (Papa Francisco)

“Porque só aquele que se reconhece vulnerável é capaz de uma acção solidária. Pois comovermo-nos («movermo-nos com»), compadecermo-nos («padecermo-nos com») de quem está caído à beira do caminho são atitudes de quem sabe reconhecer no outro a sua própria imagem, mescla de terra e tesouro, e por isso não a rejeita. Pelo contrário, ama-a, aproxima-se dela e, sem o procurar, descobre que as feridas de cura no irmão são unguento para as suas. A compaixão converte-se em comunhão em ponte que aproxima e estreita laços. Nem os salteadores nem os que passam ao largo do caído têm consciência do seu tesouro e do seu barro. Por isso, os primeiros não valorizam a vida do outro e atrevem-se a abandoná-lo quase morto. Se não valorizam a própria vida, como podem reconhecer como um tesouro  a vida dos demais? Os que passam ao largo, por sua vez, valorizam a sua vida, mas apenas parcialmente, atreve-se a olhar apenas uma parte, aquela que creem ser valiosa: sabem-se eleitos e amados por Deus (curiosamente, na parábola, são duas personagens religiosas do tempo de Jesus, um levita e um sacerdote) mas não se atrevem a reconhecer-se argila, barro frágil. Por isso o caído lhes mete medo e não se atrevem a reconhecê-lo – como podem reconhecer o barro dos outros se não aceitam o próprio?”


Bergoglio, J. (2013). O verdadeiro poder é servir. 3.ª edição, Nascente, Braga. - “Carta aos catequistas. Agosto de 2003”

Imagem: http://www.paroquiadivino.org.br/index.php/o-bom-samaritano/

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