quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O Papa Francisco gostaria de visitar os pobres à noite

O Papa Francisco gostaria de visitar os pobres à noite
ROMA, 29 de Novembro de 2013 
Muitos já tinham imaginado a cena: um homem vestido de branco que, na calada da noite, distribui esmola aos pobres nas ruas de Roma. É uma das tantas “lendas urbanas” sobre o Papa Francisco, mas com um fundo de verdade.
Quem realmente executa esta actividade é monsenhor Konrad Krajewski, esmoleiro de sua Santidade, que admitiu: "Quando eu lhe dizia que ia ter com os pobres, ele perguntava-me se podia vir comigo".
Encontrando-se com um grupo de jornalistas, dom Conrado (por esse nome é familiarmente conhecido monsenhor Krajewski no Vaticano) tratou de forma alegre aqueles que lhe perguntavam se alguma vez o Papa o tinha efectivamente acompanhado nas suas saídas nocturnas. “Por favor, peço-vos, façam-me outra pergunta”, disse, sorrindo. o bispo polaco.
Sabe-se que, durante os anos do seu ministério episcopal em Buenos Aires, o Cardeal Jorge Mário Bergoglio, normalmente era encontrado entre as pessoas marginalizadas da capital argentina. Em Roma, porém, isso seria logisticamente muito inconveniente, tanto para o Papa, como para a Guarda Vaticana. Ao Papa foi, então, desaconselhado uma presença nocturna “on the road” por motivos de oportunidade e segurança.
"Nós rapidamente percebemos que poderia haver problemas de segurança. É uma coisa complicada. Mas ele é assim, não pensa nos problemas”, explicou o esmoleiro.
O próprio facto de que monsenhor Krajewski não tenha confirmado, nem negado, uma presença do Papa ao seu lado, durante as visitas nocturnas aos pobres, fez pensar que algumas vezes o Santo Padre possa ter realmente ido.
Além disso, o prelado brincou: “Quando digo ao Papa que saio esta noite para a cidade, há sempre o risco de que ele venha comigo".
O que é certo é que o pontífice argentino tem particularmente no coração a actividade do seu esmoleiro ao qual disse um dia: “os teus braços serão uma extensão dos meus braços”. Cada pobre que encontre, “dom Conrado”, abrace-o, dando-lhe simbolicamente o abraço do Papa.
"Olhe - disse uma vez Francisco - estes são os meus braços, são limitados, se os estendemos aos de Conrado podemos tocar os pobres de toda a Itália”.
Desde o momento da sua nomeação, no passado mês de Agosto, monsenhor Krajewski , que dá voltas por Roma a bordo de um Fiat Qubo, visitou 15 casas, dormitórios e famílias necessitadas.
Há pouco tempo foi a Lampedusa, onde levou 1600 cartões telefónicos aos sobreviventes depois do último naufrágio perto da ilha.
Seguindo o conselho do mesmo Papa Francisco, o esmoleiro pontifício renunciou à sua escrivaninha: “não combina contigo, podes vendê-la”, disse-lhe o papa.
“Dom Conrado” não espera que os pobres toquem à porta dos Muros Leoninos: é ele mesmo que sai por aí procurando-os, e também esta é uma indicação precisa de Bergoglio.
Foi também o papa a dizer-lhe: "Sempre que alguém te chame de "Excelência", pede-lhe a taxa para os pobres: 5 euros!”
Normalmente monsenhor Krajewski distribui aos pobres de 200 a 1000 euros por dia. A instituição de caridade que dirige é definida por ele como o "Pronto Socorro do Papa”: só em 2002, este departamento pontifício distribuiu aos pobres um milhão de euros.
Sempre que Francisco encontra o seu esmoleiro, pergunta-lhe se precisa de dinheiro. Uma vez disse-lhe: “a conta está boa quando estiver vazia: significa que o dinheiro saiu para fazer o bem”.

Sem comentários: