Por, Walter Osswald, "Sobre a Morte e o Morrer", 2013, FFMS
"E depois da morte, ou, em registo mais popular, e depois do
adeus? Não são muitos os que, fiéis a ideologias materialistas, respondem com
convicção: depois, nada, acabou-se. Mas é difícil sustentar esta opinião, tão
contrária à instintiva adesão a uma noção de perpetuidade ou de imortalidade,
de vida além da morte, que perpassa todas as culturas e está firmemente
ancorada nas mais diversas profissões de fé.
Quando Horácio, nas Odes, se propõe não morrer todo (Non
omnis morior), aceita a corruptibilidade do corpo, mas não da alma, essa
entidade que Platão colocou no centro do seu idealismo. Quando o meu estimado
professor de Anatomia, Abel Tavares, afirmou, em conversa amena, ao comentar-se
alguma morte então ocorrida com a banal frase «todos temos de morrer», que ele,
Abel, não morreria, estava apenas a ser coerente com a sua fé cristã, expressa por exemplo na liturgia dos mortos com a expressão «a vida não acaba, apenas se
transforma»."
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