sábado, 15 de dezembro de 2018

Carta de um futuro Caminheiro (escuteiro) ao seu Pároco

Padre Daniel,


Escrevo-lhe esta carta porque estou prestes a finalizar uma etapa e a começar uma grande outra na minha vida.

Há 14 anos que vivo do escutismo e devo isto aos meus pais. A meu ver, penso que se não fosse escuteiro não seria quem sou hoje. Para mim, acampar é algo como um refúgio, escapar do barulho, da confusão e sobretudo das “pessoas”.
Atualmente já não se houve falar muito dos escuteiros, nem nós, escuteiros, temos uma grande participação na sociedade. Numa das minhas provas li o livro “A caminho do triunfo” onde Baden Powell se dirige, principalmente a nós jovens, de uma forma tão cativante, tão chamativa, que me deu vontade de saltar da cadeira e ir para a rua fazer algo, que sinceramente, fosse útil na comunidade onde hoje me insiro. Ele apela-nos para sermos úteis, sermos independentes e, sobretudo, sermos felizes. 

Por vezes, dou por mim a pensar o quão adorava ser da época deste autor, para poder viver o que viveu. Antes, o escutismo fazia imenso sentido na sociedade, a nível da educação e da preparação dos jovens para a vida futura, quer a nível de trabalho, quer na responsabilidade de constituir família. Não é que não o faça hoje, porque o escutismo é um dos maiores movimentos jovens no mundo, mas na minha opinião, penso que poderíamos dar tanto ou mais quanto B.P na altura deu.

Padre Daniel, eu quero mesmo ser Caminheiro. Faz-me tanto sentido. É a promessa que sempre quis fazer, durante todo este percurso de escutismo que realizei. Este ano sinto-me tão feliz por saber que todos os fins-de-semana vou estar com os meus amigos, vou viver mais um pouco em clã, vou aprender mais um pouco sobre Deus e as suas maravilhas. O escutismo/CAMINHEIRISMO é algo tão essencial na nossa vida e tenho a certeza que, atualmente, se a nossa sociedade não fosse tão preconceituosa (principalmente em relação ao facto de estarmos sempre a pedir dinheiro) que se interessar-se-ia realmente naquilo que lhe podemos dar, na diferença que podemos fazer e até mesmo na oportunidade que nos estão a oferecer quando nos dão um “dinheirito” para podermos fazer as nossas atividades, e, acho que mudaria os olhos de como este movimento é visto.

Concluo, então, dizendo que sou uma pessoa feliz, porque hoje sou escuteiro e não poderia estar mais grato aos meus pais e, sobretudo às minhas irmãs, pelo amor que transmitiram a este movimento e por me terem dado tanto na cabeça, mostrando que preciso disto na minha vida, porque se assim não fosse, talvez, hoje, não lhe estivesse a escrever esta carta, relativamente ao porquê de querer ser caminheiro.


Cumprimentos,
Simão Costa.

1 comentário:

tadeu disse...

Ser escuteiro é ser o rosto de Deus.